Tava estudando e faltou luz, fiquei mentalmente fazendo uma retrospectiva dilícia de 2008, que poderia ser resumido na festa de Réveillon que fui ano passado.
Minhas amigas fizeram amiga oculta de calcinha pra usar no Réveillon, não tive coragem de pedir rosa, escolhi amarela. Rica não fiquei. Meu vestido era meio amarelo também. A festa foi na Hípica do Rio, bebida à vontade, comida, prefiro não comentar. Encontrei uma pessoa que fingiu que não me viu. Passei a noite fugindo da pessoa que fingiu que não me viu e das minhas amigas, não queria empatar a noite de ninguém, principalmente de pessoas de calcinha rosa. Fiquei a maior parte do tempo sozinha, rodando. Ficar sozinha, parada = cariocas bêbados mal educados (sublinha mal educados) achando que a vida é uma micareta, para os quais me chamo Fernanda. O problema é que Fernanda tinha torcido o pé recentemente, por isso, volta e meia procurava uma cadeira limpinha disponível. Fernanda estava com sede e preenchia o tempo elucubrando, se levantar, vou perder o lugar, se não perder, beber água vai dar vontade de fazer xixi e o banheiro é sujo. Foi, não voltou porque foi abordada por um carioca até simpático, pro nível dos outros, enfim, não que ela estivesse interessada, mas uma pessoa minimamente delicada, raro naquele lugar, até se sentiu culpada de ter falado que se chamava Fernanda. Quando o rapaz estava quase indo embora perguntou o nome dele, por educação, pra se sentir menos babaca por ter mentido o próprio nome, talvez, ao que ele respondeu "pra que, né?", Fernanda ficou alguns segundos com cara de A Passarela Sumiu, mas depois pensou "ainda bem que não disse".
Fernanda queria omitir de Mme. Natasha que ficou com alguém essa noite, mas isso seria desonesto. Sem cadeiras limpinhas disponíveis, Fernanda ficou encostada numa grade que dava pra uma espécie de arena de cavalos, sem cavalos, onde ficam aqueles obstáculos que eles saltam, ficou ali encostada, bebendo água, de costas para os transeuntes. Um cara se aproximou com o papinho de sempre, não disposto a ir embora, porém. Depois de, sei lá, meia hora ela acabou ficando com ele, um pouco por cansaço, um pouco porque achou ele engraçado, não engraçadinho, Fernanda odeia homem engraçadinho, achou engraçado o jeito dele, meio roceiro, ele era de BH, não era bonito, uma amiga de Fernanda que o viu disse que ele parecia o Thomas, professor de Tributário, e, de fato, parecia, se Fernanda tivesse percebido isso antes, não teria ficado. De qualquer forma, Fernanda se arrependeu rapidamente de ter cedido ao cansaço. Porém, o ânimo dele era diretamente proporcional ao desânimo dela, ele a convidou para ir embora dali, oi. Ela disse que não o conhecia e ele disse algo tipo "é, você tem cara de que não gosta muito mesmo", HAHAHA, enfim, depois de ser chamada de frígida, Fernanda resolveu que bastava por aquela noite. Zanzou por mais umas 2 horas apreciando os vomitantes, lembrou dos vomitódromos romanos, pensou onde estariam os cavalos, amanheceu, procurou as amigas, uma não apareceu. Não apareceu, simplesmente. L'Avventura. Procuramos até 8 horas, não estava em lugar nenhum. Tive uma crise de choro, desesperei todo mundo (algumas ainda tentavam acreditar que ela tinha saído com alguém), fomos embora, delegacia, hospital, roteiro incerto ainda, no caminho ela ligou, tinha dormido na cabine do banheiro.