quarta-feira, 31 de dezembro de 2008



Tava estudando e faltou luz, fiquei mentalmente fazendo uma retrospectiva dilícia de 2008, que poderia ser resumido na festa de Réveillon que fui ano passado.
Minhas amigas fizeram amiga oculta de calcinha pra usar no Réveillon, não tive coragem de pedir rosa, escolhi amarela. Rica não fiquei. Meu vestido era meio amarelo também. A festa foi na Hípica do Rio, bebida à vontade, comida, prefiro não comentar. Encontrei uma pessoa que fingiu que não me viu. Passei a noite fugindo da pessoa que fingiu que não me viu e das minhas amigas, não queria empatar a noite de ninguém, principalmente de pessoas de calcinha rosa. Fiquei a maior parte do tempo sozinha, rodando. Ficar sozinha, parada = cariocas bêbados mal educados (sublinha mal educados) achando que a vida é uma micareta, para os quais me chamo Fernanda. O problema é que Fernanda tinha torcido o pé recentemente, por isso, volta e meia procurava uma cadeira limpinha disponível. Fernanda estava com sede e preenchia o tempo elucubrando, se levantar, vou perder o lugar, se não perder, beber água vai dar vontade de fazer xixi e o banheiro é sujo. Foi, não voltou porque foi abordada por um carioca até simpático, pro nível dos outros, enfim, não que ela estivesse interessada, mas uma pessoa minimamente delicada, raro naquele lugar, até se sentiu culpada de ter falado que se chamava Fernanda. Quando o rapaz estava quase indo embora perguntou o nome dele, por educação, pra se sentir menos babaca por ter mentido o próprio nome, talvez, ao que ele respondeu "pra que, né?", Fernanda ficou alguns segundos com cara de A Passarela Sumiu, mas depois pensou "ainda bem que não disse".
Fernanda queria omitir de Mme. Natasha que ficou com alguém essa noite, mas isso seria desonesto. Sem cadeiras limpinhas disponíveis, Fernanda ficou encostada numa grade que dava pra uma espécie de arena de cavalos, sem cavalos, onde ficam aqueles obstáculos que eles saltam, ficou ali encostada, bebendo água, de costas para os transeuntes. Um cara se aproximou com o papinho de sempre, não disposto a ir embora, porém. Depois de, sei lá, meia hora ela acabou ficando com ele, um pouco por cansaço, um pouco porque achou ele engraçado, não engraçadinho, Fernanda odeia homem engraçadinho, achou engraçado o jeito dele, meio roceiro, ele era de BH, não era bonito, uma amiga de Fernanda que o viu disse que ele parecia o Thomas, professor de Tributário, e, de fato, parecia, se Fernanda tivesse percebido isso antes, não teria ficado. De qualquer forma, Fernanda se arrependeu rapidamente de ter cedido ao cansaço. Porém, o ânimo dele era diretamente proporcional ao desânimo dela, ele a convidou para ir embora dali, oi. Ela disse que não o conhecia e ele disse algo tipo "é, você tem cara de que não gosta muito mesmo", HAHAHA, enfim, depois de ser chamada de frígida, Fernanda resolveu que bastava por aquela noite. Zanzou por mais umas 2 horas apreciando os vomitantes, lembrou dos vomitódromos romanos, pensou onde estariam os cavalos, amanheceu, procurou as amigas, uma não apareceu. Não apareceu, simplesmente. L'Avventura. Procuramos até 8 horas, não estava em lugar nenhum. Tive uma crise de choro, desesperei todo mundo (algumas ainda tentavam acreditar que ela tinha saído com alguém), fomos embora, delegacia, hospital, roteiro incerto ainda, no caminho ela ligou, tinha dormido na cabine do banheiro.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

terça-feira, 16 de dezembro de 2008



Taí a capa little bit Ricky Martin do novo álbum do Mozz.
Que seja melhor que Ringleader Of The Tormentors.

domingo, 14 de dezembro de 2008

É Deus, parece que vai ser nós dois até o final



O que Maria Antonieta tem a ver com a Trilogia do Silêncio?
Nada.
Mas quando vi Harriet Andersson transando com Deus, lembrei dessa parede.
O outro nome da trilogia é Trilogia da Fé, o que nos dois primeiros filmes é bem literal.
Vi Luz de Inverno hoje à tarde e fiquei pensando trilogisticamente nos filmes, se o impacto seria diferente se eu tivesse visto na ordem certa.
Ter visto O Silêncio primeiro foi como ter começado Melville com O Samurai, vendo logo o melhor filme do cara, os outros não parecem tão bons.
E O Silêncio como desfecho da trilogia é ainda melhor.
Só sei que depois de Luz de Inverno me deu uma vontade de ouvir Camelinho, ensolarado.


Fingindo ser o que eu já sou: http://www.youtube.com/watch?v=ppOiU1TIIho

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Oi

2 + 2 = 5



Vicky, Cristina, Barcelona.
Um filme, três arquétipos.
Como naqueles testes "Que personagem de Sex and the City é você?", em que você já sabe previamente quem você é na noite.
Só sobra a Vicky pra mim, né.
so.ço.brar
v. int. 1. Afundar-se, naufragar. 2. Reduzir-se a nada. 3. Malograr-se.
Tá, é o que sobra, mas nem me identifiquei tanto assim, falta de ousadia não é identificação suficiente, é uma característica, soçobrei por exclusão, digamos.
Vicky é o velho Woody Allen, Cristina é o novo Woody Allen e Maria Elena é Barcelona.
Rebecca Hall é uma Diane Keaton mais bonita e, talvez, menos irritante, Scarlett é a inspiração que tem refrescado essa nova fase da carreira dele, fase, aliás, que me interessa mais do que as anteriores, Penélope é a Espanha, when in Rome...
O filme é, sim, turístico, a narração é, sim, irritante, não sei de onde a Mônica tirou que é uma narração irônica, é uma narração literal, onipresente e desinteressante, mas necessária pra narrativa, da forma como o filme foi montado, enfim.
E cada vez que vejo um filme europeu da Penélope mais certeza tenho de que sua carreira hollywoodiana é uma franquia de Invasion of the Body Snatchers.
Lembrem-se que ela namorou o Tom Cruise.



Só, sobraria.

Capitalisme: http://www.youtube.com/watch?v=RV4H3z60h6w

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008



Atropelada.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008



O filme merecia um post muito melhor do que esse, fato.
Inclusive, xerau tem que ver: http://www.mininova.org/tor/1836973
E eu nem vou falar nada sobre o filme, é basicamente um post-indicação, Madame Natasha recomenda.
Pateticamente falando, o filme me fez ressuscitar uma musiquenha que eu sempre goxtei e todo mundo acha cafonenha: http://www.youtube.com/watch?v=wxSvJpxlh60
Eu nunca fui fã de Nirvana, né, quiçá Foo Fighters.
Muito menos daqueles clipes engraçaduxos-debilóides deles, que, obviamente, nesse meu Toca Raul mood de sempre, ah, mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado, macaco, praia, carro, jornal, tobogã, eu acho tudo isso um saco...
Não preciso dizer que não acho graça.
Esse é diferente dos clipes engraçaduxos, mas é ruim do mesmo jeito.
E o pior é que o clipe é uma cópia escrota do clipe do Kar-Wai: http://www.youtube.com/watch?v=iZKeSNZhm18, que, todavia, só foi feito 5 anos depois.
O que é aquela gente lambendo vidro?
Bom, espero que ninguém desista de ver En La Ciudad de Sylvia por causa desse post.


P.S. - No meio do ano, ou antes, não lembro, uma amiga me disse que ia tentar uma bolsa de estudos em Strasbourg e meio que me convidou pra tentar também (na verdade, acho que ela queria apenas que eu traduzisse e ajudasse a preencher o formulário da bolsa, enfim), mas eu acabei animando. Animada, única e tão-somente, pela possibilidade de pisar em solo francês, o curso, sobre Direitos Humanos (a Corte Européia de Direitos Humanos é em Strasbourg), era até interessante, mas era algo que, nesse momento, não teria pra mim nenhuma utilidade prática e faria meus pais gastarem litros em uma viagem não-planejada de menos de 1 mês, sendo que o prazo das inscrições já tava no fim e estávamos em pleno bafo de brasileiros (tudo puta e viado) sendo barrados na Espanha. Não fui, minha amiga também não foi (descobriu que o curso seria ministrado somente em francês, a informação que ela tinha era de que seria também em inglês), além de todos os contras supracitados, pensei, bom, Strasbourg, fronteira com a Alemanha, numa estadia-relâmpago como essa, vou ficar enfiada lá e Paris que é bom, só o Charles De Gaulle, na ida e na volta, não ia dar tempo nem de bater o recorde do Louvre.
Hoje, depois de ver o filme, pensei quão ignorante e franco-fake sou eu no meu parisocentrismo.
Strasbourg é uma cidade encantadora.
E eu poderia ter andado naquelas ruas e visto os Laures je t'aimes nas paredes.

domingo, 2 de novembro de 2008

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Je te frapperai sans colère et sans haine, comme un boucher.

Que que cê lembra quando ouve

La mer
Qu'on voit danser

Le long des golfes clairs
A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie


?



?



Ontem assisti Le Sang des Bêtes, do Franju, a short film about killing, antes de Kieslowski, antes de Nuit et Brouillard, antes de A Questão Humana.

"Eu te golpearei sem raiva e sem ódio, como um açougueiro'', disse Baudelaire.
Sem raiva, sem ódio.
Com o bom humor simples dos assassinos que assoviam ou cantam enquanto rasgam as gargantas.

Porque é preciso comer todo dia.
E dar de comer aos outros.
Ao preço de uma tão penosa e freqüentemente perigosa profissão.

Alguém começa a cantar.

La mer
Qu'on voit danser
Le long des golfes clairs

A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie


Meat is murder: http://www.youtube.com/watch?v=U8wwO2S5fLk, na virilha.

sábado, 6 de setembro de 2008

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Feito um homem que não sabe mais o que lhe vai por dentro



Lucas não fora sempre miserável. Passou por um gravíssimo momento: indo para seu escritório de advogado, no centro de Harmada, numa certa manhã de fevereiro, debaixo de um calor úmido, pegajoso, quase insuportável - ele dizia, rigorosamente insuportável para as condições biológicas de praxe de um humano -, nesta manhã, ao parar o carro diante de um sinal vermelho de uma esquina qualquer, apareceu-lhe um garoto a esfregar o vidro dianteiro, o garoto cuspia no vidro e automaticamente esfregava ali um paninho de feltro para que pudesse em troca ganhar uns trocados, e o sinal passou para o verde e o garoto não saía dali, a esfregar aquele paninho de feltro no vidro dianteiro do carro, Lucas mostrava-lhe umas moedas mas o garoto não via nada, queria apenas esfregar aquele paninho de feltro no vidro dianteiro do carro, Lucas nunca soube explicar para si mesmo, ele me afirma trêmulo debaixo de uma frondosa árvore no pátio do asilo que nunca soube explicar para seus próprios miolos, mas vieram as buzinas ensurdecedoras por trás dele e o suor o encharcava inteiro, e ele puxou o nó da gravata, abriu os botões superiores da camisa e arrancou o carro feito um homem que não sabe mais o que lhe vai por dentro, foi assim que ele disse, feito um homem que não sabe mais o que lhe vai por dentro ele arrancou o carro, passou por cima do garoto que morreu na hora esmagado pelos pneus traseiros, e quando Lucas disse esmagado pelos pneus traseiros, ele soltou uma ribombante gargalhada, como se essa gargalhada fizesse parte da história, como se ela entrasse sempre justamente aí, neste pedaço do garoto esmagado pelos pneus traseiros, porque assim como a gargalhada explodiu também desvaneceu-se, de forma abrupta, aloprada, e Lucas me contava agora novamente com a expressão grave, muito grave, como um promontório a contemplar o remoto mar que ninguém mais alcança, desconhecendo o palpitar de qualquer outra existência além daquilo que ele tinha a contar.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Vocês não estão entendendo nada



Absolutamente nada.
10 minutos, 5 de música, 5 de vaia e Caetano em fúria, track 13: http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/cdcapa.php?artista=Joyce&album=A-Era-dos-Festivais---Cd2&codcd=007796-3
Se vocês forem em política como são em estética, estamos feitos.
Foi Gilberto Gil! E fui EU!
O júri é muito simpático, mas é incompetente.
Assim, sem abraço.
Porque metade de mim é amor e a outra é vocês não estão entendendo nada. Canalhas.

Depois da discografia completa, senti um vazio em meu coração.
Apesar do receio de estragar esse nosso momento, tomei coragem de baixar Cinema Falado.
E o filme é exatamente aquilo que eu achava que seria: Godard fase escrota.
No fundo, eu sabia que não estragaria, afinal, quem poderá fazer aquele amor morrer se o amor é como um grão, morre, nasce trigo, vive, morre pão.
Esse trecho com Dedé irmã de Drão dá uma idéia: http://www.youtube.com/watch?v=5GZSXzsHh20.
Sempre que vejo esse tipo de filme fico um pouco irritada, Notre Musique (pra ficar na mesma sinestesia), p.ex., o Godard dando aula de cinema, literalmente (http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=2823357) e eu me perguntando porque ele não escrevia um livro em vez de encher o meu saco. Não que esse tipo de filme não diga nada de interessante, pelo contrário, mas eu acho tudo aquilo tão fora de propósito. Eles geralmente fazem digressões interessantíssimas, dariam ótimos ensaios, com ricas notas de rodapé.
Enfim, filmes como Cinema Falado, afora uma ou outra sacada visual perdida no meio da tese, não me interessam como cinema.
Podem até me interessar como cinéfila (não como "objeto de estudo", mas a curiosidade pelo pensamento sobre cinema) ou, então, como leitora mesmo, uma frase, um poema.
Frases-diálogos-monólogos caetânicos.
"Paris, Texas parece fotografias de negros africanos tiradas por Leni Riefenstahl".
O trecho de Grande Sertão é especialmente horrível e sem fim.
Um cara feio de óculos fundo de garrafa sentado no chão, devia ser ator de teatro (e sempre que eu disser que parece ator de teatro é pejorativo, ok?), declamando, interpretando.
A capa de Omaggio a Federico e Giulietta é uma cena do filme, reminiscências da sua cinefilia adolescente assobiando Nino Rota.
- Quando eu ando aqui na rua de noite, quando venho aqui a Santo Amaro, parece que é cinema calado, eu fazia música assim, inventando música, inventando música de filme italiano e olhando a rua, parece filme italiano
- Tinha 3 cinemas, hoje não existe mais
- É, tinha 3, agora não tem cinema nenhum


E por falar nisso, VIVA CACILDA BECKER!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Se ao menos pudesse sentar-me nas escadas do amor que me humilhava.

O que é o respeito? A sala de visitas do medo. O quarto dos fundos do amor. O tecido que resta, depois do corpo - a morte, tão cosida ao pavor da vida. Não me respeites - não me esqueças. Deixaste de me criticar, perdeste o prazer arrepiante de ser injusto, que só se tem para com aqueles que se amam.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Cidades Invisíveis



As nossas cidades ruins formam o nosso caráter, se adequam à nossa inadequação e se tornam a nossa peculiaridade. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Não sou daqui, mas é como se fosse.
Agora que surge a possibilidade real e incerta de finalmente sair, nem é ainda uma fotografia na parede, e já dói.
A minha cidade tem um nome feio, mais feio que o meu, não tem o charme de uma cidade pequena, nem é uma cidade grande, uma cidade no meio do caminho, como eu.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Minha metralhadora cheia de mágoas



Verifico agora que a minha dedicação às Grandes Causas foi crescendo na proporção inversa da minha decepção com as Grandes Pessoas da minha vida. Tomei a amizade como uma versão adulta e vacinada do amor, o que significa que transferi para a casa dela a artilharia pesada do meu batalhão de afectos. Substituí o Príncipe Encantado pelo Amigo Maravilhoso, que eras tu. Podias ser meu pai, eras o meu discípulo. Nada nos poderia separar, porque estávamos naturalmente livres das armadilhas do desejo, da via sacra da posse e do sacrifício. Quanta candura. Uma vida inteira desperdiçada em candura - e nem sequer tive tempo para mudar o mundo.


Track 01: http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/cdcapa.php?codcd=000840-0

sábado, 19 de julho de 2008

Vivo, muito vivo, vivo, vivo, feel the sound of music banging in my belly, belly, belly



- Acordei agora ¬¬
- Desde ontem? rs
- Não, desde as 18 hrs.
- Ainda bem.
- E você, fez o que?
- Bom, nem sei porque falei ainda bem, eu preferia ter dormido o dia inteiro hoje.
- Tenho uma amiga que toma Dramin sempre que fica sábado à noite em casa, pra não ter que ver Zorra Total.
- Se eu fosse tomar Dramin todo sábado que fico em casa...
- Melhor levar um Boa Noite Cinderela na buátchy, né?
- Me chamaram pra sair hoje, tô tão mal que até iria.
- Por que não vai?
- Pelo motivo de sempre.
- Seu cabelo.
- Eu sei que ninguém leva a sério, até evito falar, mas é sério.
- Eu entendo.
- Eu olho as minhas fotos antigas, meu cabelo era bonito, eu tinha uma aparência tão saudável...
- Jovial e rosada.
- Não, rosada eu sou hoje, quando tenho sorte, a maior parte do tempo sou apenas pálida.
- Branquinha, pororoquinha.
- Tudo bem que eu nunca fui a morena sestrosa...
- Só do olhar indiferente.
- Ai, darling, você não, todos, menos você.
- Eu sei que não.
- Engraçado, outro dia fiquei pensando que os pedreiros não saberiam me classificar. Tem uma obra aqui perto, eles falam merda pra qualquer uma, né, já ouvi vários "Ô morena!" (válido para morenas, mulatas e negras).
- "Ô brunette!" Lá em casa, diliça.
- Tirei uma 3X4 assustadora.
- Ninguém fica bem em 3X4, darling.
- Eu sei, eu, particularmente, não fico bem em foto nenhuma, mas, sei lá, me senti velha, sabe? Às vezes eu até me olho no espelho pra ver se envelheci por fora o que estou envelhecendo por dentro, mas nunca percebi nada, só nessa foto.
- Meio Dorian Gray ao contrário, né.
- Doriana, a primeira margarina cremosa do Brasil.
- Meu Deus, Dercy morreu.
- Dercy morreu enquanto você dormia, darling.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína



Alain Delon = filme bom.
Rocco, Leopardo, Samurai, Eclipse, Plein Soleil... (Cercle Rouge não é ruim, mas achei meio déjà vu do Samurai), A Primeira Noite de Tranqüilidade, as olheiras mais lindas do cinema.
Minha próxima meta é ver Monsieur Klein, com ele e Joana Francesa.
Mas, Alain Delon, além de ser = filme bom + olheiras mais lindas do cinema, é um grande ator.
Por onde anda Alain Delon?
Quero vê-lo decrépito e belo em widescreen.
Gostei muito do filme de ontem, que me fez gostar ainda mais do Moça Com A Valise, procurando fotos do Delon, achei essas da Claudia: http://last-tapes.blogspot.com/2007/06/o-que-mais-me-choca-no-filme-de-valerio.html (mais um blog citado sem autorização), que, obviamente, já foram parar no meu álbum do Orkut.
A adolescência acaba aí, na impossibilidade de escrever uma carta de amor.
O balzaquiano Dominici continua tentando escrever a carta e perdendo o trem.
Quem esqueceu o Zurlini?

sábado, 12 de julho de 2008

Os 400 golpes



Desci à avenida Atlântica, chuviscava, a praia estava deserta, as águas escuras e crespas. Busquei abrigo num quiosque, e me perguntei se algum dia saberia viver longe do mar, em cidade que não terminasse assim num acidente, mas agonizando para todos os lados.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Feliz e mau como um pau duro



O-k, todo mundo já entendeu que eu tô numa fase http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=1900416.
Respondendo qualquer coisa com um verso de Caê.
(- Seu pai comprou o Flogoral.
- A minha voz tão fosca brilha por teus lábios bundos...
- Vira na Padre Café ou na outra?
- Vela leva a seta tesa rema na maré rima mira a terça certa e zera a reza...
- Comum ou light?
- Tua ilharga lhana, mamilos de rosa-fagulha, fios de ouro velho na nuca, estrela-boca de milhões de beijos-luz...
- Caetano é um idiota.
- Marcha o homem sobre o chão, leva no coração uma ferida acesa, dono do sim e do não diante da visão da infinita beleza, finda por ferir com a mão essa delicadeza, a coisa mais querida...
- Te ligo sexta pra gente combinar.
- Rapte-me camaleoa, adapte-me a uma cama boa, capte-me uma mensagem à toa, de um quasar pulsando loa, interestelar canoa...
- Você realmente gosta disso?
- E se não tivesse o amor e se não tivesse essa dor e se não tivesse o sofrer e se não tivesse o chorar...
- Se não queria por que fez?
- E onde não queres nada nada falta e onde voas bem alta eu sou o chão e onde pisas o chão minha alma salta e ganha liberdade na amplidão...)
Logo, se eu quiser, posso entitular todos os meus posts com trechos dele, os blogs são meus.
E nos meus delírios Tieta ( êta, êta, êta, êta...) do Agreste ainda volto pra Juiz de Fora, feliz e má como um pau duro, pra me vingar.
De mim?

sábado, 5 de julho de 2008

O sol se reparte em crimes, espaçonaves, guerrilhas, em Cardinales bonitas, eu vou...



Já repararam que todas as gatas-garotas-marotas do cinema italiano casam com produtor?
Silvanão, Sophião, Claudião...
Acho mais cool casar por interesse com diretor.
Ontem vi Claudião, linda de viver (adoro essa expressão), em A Moça Com A Valise.
Nunca tinha visto nada do Zurlini, na verdade, nem sabia que ele existia até ler uma matéria sobre o primeiro lançamento dos filmes dele no Brasil: http://veja.abril.com.br/060607/p_138.shtml.
A matéria é do ano passado, quando li fiquei morrendo de vontade de ver os filmes, mas esqueci.
Só depois de ver o cartaz com La Cardinale na home do Making Off anteontem é que lembrei de baixá-lo (A Primeira Noite de Tranqüilidade, com Delonzito, já tá na fila).
Apesar de ter achado bem boa a abertura, do xixi na moita ao blefe you give me fever, depois a Cardinale começou a me irritar um pouco, não sei, meio Gabriela Cravo e Canela demais pro meu gosto (mordendo beicinho, sabe? não tenho muita tolerância...), mas passou.
Afinal, a criatura é uma das mulheres mais bonitas que já habitaram as telas de cinema, tem horas que a canastrice simplesmente não importa.
Quando ela desce as escadas ao som de Celeste Aida eu já tava gostando horrores dela.

Pra fazer xixi na BR-040 ouvindo: http://www.youtube.com/watch?v=JGb5IweiYG8

Jabuticaba branca



Não é só quando lembro de Vivre Sa Vie.
Até porque nem fico lembrando de Vivre Sa Vie.
Sei lá, de repente, tô no MSN em clima de paquera e azaração e sou atacada pelo gosto do mingau de fubá.
Que nem o cara do conto do Caio, que não consegue se livrar do gosto de morangos mofados na boca.
O mingau de fubá me ataca preferencialmente durante a insônia.
Até pensei ontem à noite em cortar uma laranja e ficar cheirando ela, pra evocar novos sabores.
Já repararam que o lixo tem cheiro de laranja?
Cheirem os lixos das residências.
O cheiro da laranja se sobrepõe aos outros cheiros.
Pensando nisso, adormeci.
Frescos morangos vivos vermelhos.
Achava que sim.
Que sim.
Sim.

sábado, 21 de junho de 2008

Viver a vida e o mingau de fubá



Como todos sabem, estou padecendo meus últimos dias na Terra.
Com direito a uma quase overdose.
Litrosss de remédio no nariz e nada.
Era colírio.
Fui, moribunda, tateando até a farmacinha do banheiro, peguei o Afrin, deitei, botei.
Era Tylenol.
Ardeu horrores, quase vomitei.
Meus inúmeros leitores já devem ter tomado Tylenol, é um treco doce, enjoado, no nariz dá uma rica ânsia de vômito.
Lavei o nariz pra botar o maldito Afrin, mas é um placebinho, né.
Durmo abraçada com o rolo de papel higiênico.
Já perdi uns 2 Kg só de secreções nasais.
Mas, enfim, este intróito escatológico foi apenas pra falar de Vivre Sa Vie.
O filme mais bem falado do Godard, por cinéfilos de todas as estirpes, inclusive os que não gostam de Godard, o filme que eu mais tinha curiosidade de ver dele.
Me arrependo de ter visto essa semana.
Além de estar numa fase cinéfila desinteressada e entorpecida pela gripe, fui vítima da pior coisa que já comi na vida: mingau de fubá.
Minha mãe, fazendo a linha curandeira, fez um mingau deprimente, ela mesma vomitou a manhã inteira no dia seguinte.
Eu não vomitei, mas toda vez que lembro do maldito, tenho vontade.
Este post foi inteiramente escrito com estômago embrulhado.
E ela me socou o mingau já no finalzinho do filme, na cena de dança na sinuca.
Mas, não tem jeito.
Vivre Sa Vie sempre terá o gosto do mingau de fubá.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara



As everybody knows, fui fazer meu concursinho no Rio esse final de semana, j'ai essayé, j'ai essayé e morri na praia, mas isso não tem nenhuma importância.
Brasília, segundo Clarice, "uma prisão a céu aberto".
Segundo alguém que eu não lembro, "Lúcio Costa edificou o próprio espanto".
Segundo Mônica Waldvogel, num debate sobre "coisas exóticas que já fiz na vida" no Saia Justa: "já morei em Brasília".
Realmente, nos momentos se-tudo-é-tão-ruim-por-onde-eu-devo-ir-a-vida-vai-seguir-ninguém-vai-reparar-aqui-neste-lugar-eu-acho-que-acabou eu tenho idéias exóticas.
Brasília é tão áspera que os narizes sangram.
Esqueçamos Brasília.
Eu tô parecendo aquelas que levam fora e ficam inventando defeitos no cara.
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo.
Esqueçamos Brasília, definitivamente.
Voltemos à bela e banguela.
Mais banguela que bela.
Eu até que dei sorte de a prova cair num lugar bom, um amigo foi fazer outro concurso no mesmo dia e teve que parar lá em Madureira, eu fiz na UniRio, na Urca, vendo os bondinhos subindo e descendo o céu de Suely.
No 2º dia cheguei mais cedo pra dar uma revisada, enquanto fazia minhas leiturinhas de Políticas Públicas e Gestão Governamental num banco de cimento na sombra de uma árvore, surgiu uma moça de, sei lá, uns 30 anos, moradora de rua e deitou na minha frente, debaixo da árvore.
Eu tinha visto os papelões ali, mas não tinha ninguém, ela surgiu do nada, falando que tinha desistido de pegar um solzinho porque tava muito quente, deitou e roncou.
Sempre lembro de Juliette Binoche em Os Amantes de Pont-Neuf quando vejo mulheres-mendigas, lembro de algo que um dos personagens fala no filme, que a mulher que mora na rua se brutaliza, deixa até de menstruar.
Fiquei triste uma semana depois que vi esse filme.
E ali na minha frente.
E as minhas leiturinhas.
Políticas Públicas e Gestão Governamental.
While my eyes go looking for flying saucers in the sky...
Naturalmente, o filme me deixou muito mais triste do que a moça roncando ali na minha frente.
A moça roncando foi como aquele conto da Clarice, em que a protagonista fica fascinada ao ver um cego mastigando chiclete no ônibus, sabe?
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento...
Não sei explicar muito bem.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Flagrantes da vida selvagem



Bernardo me ensinando a fazer print screen.

sábado, 10 de maio de 2008

Humor de naufrágio



Li essa expressão num conto d'O Livro das Pequenas Infidelidades. Nem lembro em que conto foi, acho que as pessoas estavam numa festa, não, acho que estou confundindo, deve ter sido n'O Amor nos Tempos do Cólera, no casamento-temporal, quando dá tudo errado e instala-se entre os convidados o "humor de naufrágio".
Não importa.
Sei bem como é.
Lembrei essa noite da expressão, quando ouvia Satie.
E, fazendo essa associação, lembrei de Satie em Limite: http://www.youtube.com/watch?v=E2fQHnvfPf4, eu nem tinha reparado que a música era dele quando vi o filme.

Bom, neste sábado náufrago, deixo-vos com aquele que me apresentou Erik Satie: http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2007/01/pela-passagem-de-uma-grande-dor.html

terça-feira, 6 de maio de 2008

You come here to meeeee



We'll collect those lonely parts
And set them down

terça-feira, 29 de abril de 2008

Diário de uma desempregada

No passado as pessoas tinham numerosas oportunidades de se entregar a formas genuínas de convivência e à busca de esforços pessoais, completamente livres de qualquer relação com o mercado.
Ao proporcionar a seus membros essas oportunidades, as sociedades antigas interpretavam-se como réplicas do cosmos, e assim se conformavam a prescrições de caráter sagrado, ou quase-sagrado. Em tais sociedades, as pessoas dispunham de muito tempo, não relacionado à sua condição de trabalhadoras, no qual se poderiam engajar em objetivos autogratificantes. Em seu calendário, o caráter das horas, dos dias, dos meses e dos anos refletia o interesse que tinham pelas múltiplas implicações da dimensão sagrada da vida.

domingo, 27 de abril de 2008

Uma dúvida

Como lidar/conviver/se relacionar com pessoas que você não admira?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O milagre está fora do empírico.



Que se cumpra o idealizado.
Que acreditem.
Que riam das suas paixões.
Porque o que consideram paixão, na realidade, não é energia espiritual, mas apenas fricção entre a alma e o mundo externo.
O mais importante é que acreditem neles próprios e se tornem indefesos como crianças.
Porque a fraqueza é grande, enquanto a força é nada.
Quando o homem nasce, é fraco e flexível.
Quando morre, é impassível e duro.
Quando uma árvore cresce, é tenra e flexível.
Quando se torna seca e dura, ela morre.
A dureza e a força são atributos da morte.
Flexibilidade e fraqueza são a frescura do ser.
Por isso, quem endurece, nunca vencerá.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Ana,

ou ce petit coup au coeur quand la lumière s'éteint et que le film commence.







http://www.youtube.com/watch?v=nT1gea0byCI

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Se eu caio no suingue é pra me consolaaaaaaaarrr...



É que essa vida não tá mole, eu faço assim para me segurar...

Nada como um filminho francês sobre swing na 3ª idade pra desopilar numa seixta à noite, não é meixmo?
Pintar ou Fazer Amor, dos irmãos Larrieu, é um filminho simpático, um daqueles filmes pequenos cheios de pequenas sutilezas, que possibilita diversas leituras, mas que, sobretudo, se sustenta na própria leveza.
Se me pedissem uma sinopse: Casal de meia-idade muda-se para um idílico interior da França e se apaixona por Adão e Eva.
Várias cenas bonitas.
Eva, casada com um Adão cego, pedindo a Madeleine para ser pintada nua, "faz tanto tempo que ninguém me vê".
O Adão cego levando William e Madeleine pela mão na noite escura.
A cena final, o quadro negro, inacabado.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Par délicatesse j'ai perdu ma vie



Não vou fazer a linha entendida em Rimbaud porque não sou.
Tudo que sei dele se resume ao filme do Di Caprio e Uma Temporada No Inferno, que li há 500 anos naquela edição pobrinha da L&PM com a foto do pequeno príncipe na capa e que, sinceramente, não me disse muita coisa na época.
BUT, há uns 2 anos, li no Orkut de uma orkutfriend (com quem nem mantenho mais contato) a seguinte frase na seção "atividades": "nocauteando a delicadeza para ganhar a vida" (or something), fiz algum comentário e ela me respondeu que tinha a ver com a estrofe de um poema do Rimbaud, que obviamente googleleei (aos incautos, pretérito perfeito do verbo googlelear).
Et moi, la jeunesse oisive à tout asservie, toda vez que choro de madrugada é nisso que eu penso, que estou perdendo, perdendo e que não sei como parar de perder.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Na terra em que o mar não bate, não bate o meu coração...



O mar onde o céu flutua
Onde morre o sol e a lua
E acaba o caminho do chão
Nasci numa onda verde
Na espuma me batizei
Vim trazido numa rede
Na areia me enterrarei
Na areia me enterrarei
Ou então nasci na palma
Palha da palma no chão
Tenho a alma de água clara
Meu braço espalhado em praia
Meu braço espalhado em praia
E o mar na palma da mão

sábado, 29 de março de 2008

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008



In the end, Cassavetes said that he agreed to do the film largely as a favor to Rowlands, who relished the idea of playing a larger-than-life role. The role deeply appealed to her. It tapped into a side of her that captured the way she sometimes thought of herself – the "sexy but tough woman who doesn't really need a man" personality type that described many of the actresses she had idolized over the years. Or one might say that Cassavetes was having fun with her love for Marlene Dietrich (whom Gloria resembles in many subtle ways).

Though she really wanted to do it, she doesn't go about this very easily, you know. After the picture was written and the deal was made, she said, "Maybe you ought to get someone else." [Laughs.] Which is always maddening. On every film that we've ever made, she has enormous trepidations before she goes out and acts, but it's not because she can't act, but because she doesn't know whether she's capable of speaking for a bunch of women who are childless, and she wants to represent them truthfully. She doesn't want to represent them as caricatures, she wants to represent the people she's playing with some authenticity as to what they are feeling, what they would feel in a certain circumstance and in a way that not many actresses do. She's an artist. And her holdbacks are her pain. I mean, she went through a tremendous amount of pain thinking she's not good enough to play these things. Once she starts going she forgets "I'm not good enough" and the scenes hold her in check and she just keeps on going as long as she can.

Gena is subtle, delicate. She's a miracle. She's straight. She believes in what she believes in. She's capable of anything. It's only because of Gena's enormous capacity to perform that we have a movie, because a lot of people would be a little bit too thin to work on it. Gena is a very interesting woman and for my money the best player that is around. She can just play. Give her anything and she'll always be creative. She doesn't try to make it different – she just is – because the way she thinks is different from the way most actors think. She goes in and she says, "Who do I like on this picture? What characters do I like, what characters am I so-so about?" I picked up her script once and I saw all these notes, all about what reaction she had to the various people both in the production and the story. It was very personal to her, and I felt very guilty that I'd snooped. Then I watched her work. She sets the initial premise and follows the script very completely. Very rarely will she improvise, though she does in her head and in her personal thoughts. Everybody else is going boom! boom! boom!, but Gena is very dedicated and pure. She doesn't care if it's cinematic, doesn't care where the camera is, doesn't care if she looks good – doesn't care about anything except that you believe her. She caught the rhythm of that woman living a life she'd never seen. When she's ready to kill, I'm amazed at how coldly she does it.



Cassavetes was always in awe of what Rowlands could do with a script – even a weak one.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008



In a river the colour of lead
Immerse the baby's head
Wrap her up in the News Of The World
Dump her on a doorstep, girl
This night has opened my eyes
And I will never sleep again

You kicked and cried like a bullied child

A grown man of twenty-five
Oh, he said he'd cure your ills
But he didn't and he never will
Oh, save your life
Because you've only got one

The dream has gone
But the baby is real
Oh, you did a good thing
She could have been a poet
Or, she could have been a fool
Oh, you did a bad thing
And I'm not happy
And I'm not sad

A shoeless child on a swing
Reminds you of your own again
She took away your troubles
Oh, but then again
She left pain
So, please save your life
Because you've only got one

The dream has gone
But the baby is real
Oh, you did a good thing
She could have been a poet
Or, she could have been a fool
Oh, you did a bad thing
And I'm not happy
And I'm not sad
Oh...
And I'm not happy
And I'm not sad
Oh...
And I'm not happy
And I'm not sad