segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O direito ao mau humor



Tava vendo o Irritando Fernanda Young ontem e ela perguntou pra Lília Cabral (não lembro exatamente da pergunta, mas era algo do tipo): "Se fosse pra você interpretar uma personagem muito irritante como ela seria?"
Daí, ela respondeu que seria uma daquelas pessoas que não demonstram o que sentem, sempre impassíveis, com suas caras de Monalisa.
A carapuça serviu na hora.
Me senti a própria Victoria Beckham.
(sem a produção, o dinheiro, o marido metrosexual e o corte de cabelo mais imitado de 2007)
Inclusive, eu uso o Victoria smile em fotografias (sempre que tento sorrir nessas ocasiões tristíssimas) e cheguei à conclusão de que a comunicação não-verbal é a grande desgraça da minha vida.
Mas esse Blade Runner way of life é apenas o prelúdio deste post, que deveria ser sobre mau humor.

Hoje acordei de mau humor (o que não é incomum) e as pessoas (leia-se, minha mãe) deveriam respeitar isso.
Mas elas não respeitam.
Fiquei o dia inteiro pisando em ovos, afinal, eu sei que as pessoas não têm culpa e não são obrigadas a me suportar.
E olha que eu nem sou uma mal humorada chiliquenta, meu único desejo é ser ignorada, esquecida, olvidada, omitida, ficar no ostracismo.
Seria extremamente delicado da parte dela me deixar em paz.
Mas não.
Ela fica tentando me agradar, dando conselhos, se fazendo de vítima, fazendo perguntas, diagnosticando as razões do meu mau humor e de todos os meus problemas.
Isso enlouquece qualquer pessoa.
Como se não fosse suficiente, tinha hoje à noite uma aula chatíssima e eu não estava com a MENOR vontade de ir, mas fui, pra fugir da verborragia materna.
Já dizia Paulo Coelho, "quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize seu desejo".
Porém, nós que na merda estamos, na lama chafurdamos.
In just spring, when the world is mudluscious...
Eu gosto de ir a pé pra aula, mas como já estava atrasada, peguei um ônibus (é, com carteira e sem moral pra pegar o carro do papai).
Sentei do lado de um cara com cê cê.
E, naturalmente, peguei o ônibus errado.
Estava escrito CENTRO, donde deduzi que aquela bosta ia virar no centro, mas não virou.
Desci no ponto errado e voltei pra casa a pé, chorando no meio da rua (no fundo do poço e cavando).
Já perto de casa, cruzei com um conhecido (não estava mais chorando) que me atirou um "tudo bem?" e um sorriso.
Eu respondi "tudo bem" e continuei andando.
Só depois percebi que, além do "tudo bem" e do sorriso, ele tinha parado pra conversar (hauhauhuahua).
Depois eu reclamo da minha fama de bruxa e que as pessoas me odeiam e etc.
Bom, foi sem querer.
E, de qualquer forma, que assunto incrível eu poderia ter com ele naquele momento, não é mesmo?

I just wanna be alone.

4 comentários:

Bruna O. disse...

Mãe é tudo igual MESMO!
Uma coisa altamente irritante é gente desejando melhoras quando se está nesse estado. Na verdade, é irritante qualquer pessoa falando qualquer coisa (apesar de coisas alegres terem um efeito bem maior).
Então, vou ficar quieta.

::Soda Cáustica:: disse...

Xará, paraece que estava lendo algo que eu mesma escrevi. Também tenho crises diárias de humor e pra mim a pior coisa é ouvir um "tudo bem" ou "o que vc tem"... minha mâe tb tem os discursos dela... o que fazer se dos três filhos, uma tinha que ser a problemática?

alana disse...

Nossas mães devem ter estudado juntas! O que acho pior é que a minha sempre consegue me deixar culpada por estar de mau humor em "um dia tão bonito, com tudo tão bem, que problemas você tem, minha filha?!"

alana disse...

Ah, outro momento radiante do dia: a respotsa do meu irmão à frase materna: "Liga não, é TPM, daqui a pouco passa..."